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Renovação ferroviária

Publicado em: 19/11/2018
Renovação ferroviária

Com o sucateamento das linhas, locomotivas e vagões, a falta de investimentos dos setores públicos e privados e a pesada concorrência do setor automobilístico, a indústria ferroviária brasileira praticamente fechou suas portas no início da década passada. Porém, com a privatização das malhas há cinco anos e depois de um longo processo de recuperação das finanças e reestruturação dos negócios, o setor ferroviário está renascendo no País. A euforia pelo ressurgimento do setor também está contagiando as empresas da região de Campinas. Sem condições de fabricar locomotivas para atender à demanda do mercado a curto prazo, indústrias da região adotaram um modelo de negócios ainda incipiente no Brasil. Trata-se da importação de máquinas usadas dos Estados Unidos, que são reformadas e modernizadas e, depois, entregues às redes ferroviárias, com custos 70% inferiores a uma locomotiva nova, que chega a custar US$ 2 milhões e levaria até 14 meses para sair da linha de produção.

A EIF Engenharia, sediada em Campinas, acaba de fechar um grande contrato neste novo modelo de negócios com a Brasil Ferrovias, também com sede operacional em Campinas. A empresa, que tem como diretor de operações João Tadeu Gemma, um ex-executivo da Gevisa, iniciou neste mês a vinda de 25 locomotivas elétricas dos EUA, que devem chegar em Santos no início de dezembro. As máquinas, modelos C30-7 e C32-8 serão entregues em março de 2006 e vão ser utilizadas pela Ferronorte. A IEF também já tem uma carta de intenção do cliente para a importação de um novo lote de 20 locomotivas.

Segundo Gemma, toda a recuperação e modernização das locomotivas, inclusive adaptação das bitolas para o tamanho dos trilhos nacionais, será feita na sede da unidade, instalada ao lado da Brasil Ferrovias. "Entregaremos a locomotiva para o cliente com performance e potência de uma nova, que pode ter vida útil de mais 20 anos", afirma.

Gemma explica que a grande demanda das concessionárias de ferrovias por locomotivas e vagões ocorre quase cinco anos depois de iniciado o processo de privatização de toda a malha nacional. Nos primeiros anos, as empresas que assumiram as operações promoveram reestruturações em seus negócios e sanearam as contas, além de concentrar esforços no conserto de trilhos, equipamentos de sinalização e pátios. Com linhas recuperadas, o próximo passo é investir em locomotivas e vagões para ganhar produtividade e atender à demanda em franca expansão.

"Vivemos o melhor momento desde a década de 90", confirma o diretor-executivo da MGE, Equipamentos e Serviços, Ronaldo Moriyama, que tem sede em Diadema e há dois anos abriu uma unidade em Hortolândia, na área da antiga Cobrasma, voltada para reforma, manutenção e modernização de locomotivas elétricas. A empresa tem programado para 2006 um investimento de US$ 2,5 milhões em processos e ampliação, dos quais US$ 2 milhões serão destinados para a unidade industrial da região. Com isso, a MGE que, ao final deste ano atinge 120 locomotivas recuperadas no prazo de dois anos, espera aumentar em 30% sua capacidade de reforma e manutenção.

O investimento e o entusiasmo do empresário devem-se, segundo ele, aos grandes investimentos que o setor deverá receber nos próximos cinco anos, principalmente pela Brasil Ferrovias. "Neste momento, a Brasil Ferrovias é a empresa com o maior potencial de investimentos", diz. Ele afirma que o setor está aquecido há três anos e deve continuar assim no ano que vem. Os números da MGE comprovam as palavras de Moriyama. Em apenas oito meses a companhia recuperou e modernizou 25 locomotivas e deve entregar outras 17, também importadas, até o final deste ano para a Brasil Ferrovias.

Brasil Ferrovias desperta interesse

América Latina Logística (AAL) já manifestou a intenção de adquirir a empresa

Em maio deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve pessoalmente em Campinas para anunciar um arrojado plano de investimento no valor de R$ 1,5 bilhão - sendo mais de 70% recursos da União - para implantação de um projeto de reestruturação da Brasil Ferrovias, holding que reúne as operações da Ferroban, Ferronorte e Novoeste. Hoje, seis meses depois, a empresa virou a menina dos olhos do mercado brasileiro. A América Latina Logística (AAL) já manifestou interesse na aquisição da empresa de Campinas, embora sua direção informe que o processo ainda está em fase de estudos. 

Os investimentos que a Brasil Ferrovias vem fazendo visam ampliar a capacidade da malha ferroviária, dobrando o volume total transportado em até três anos. O acordo anunciado em maio praticamente significa uma reestatização da malha administrada pela holding. Os acionistas vão investir R$ 375 milhões e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entra com R$ 647 milhões, dos quais R$ 265 milhões são decorrentes de empréstimo. Outros R$ 446 milhões são decorrentes da conversão de dívidas com o próprio BNDES em capital.

Para os próximos quatro anos, os investimentos deverão chegar a R$ 2,4 bilhões. Este dinheiro será aplicado na manutenção das linhas férreas, na reforma de vagões e na aquisição de novas locomotivas. "A Brasil Ferrovias é, neste momento, a empresa que tem o maior potencial de investimentos no Brasil", afirma o diretor-executivo da MGE Equipamentos e Serviços Ferroviários, Ronaldo Moriyama, que mantém contratos de serviços com a holding.

A modelagem definida nas negociações entre o governo federal e acionistas levou a uma nova divisão na Brasil Ferrovias, com a criação de uma nova holding, batizada de Novoeste Brasil. Ferroban e Ferronorte continuam sob o controle da Brasil Ferrovias e sua composição acionária não sofreu alterações.

Além de ampliar a malha férrea, os planos da Brasil Ferrovias incluem compras de 1.574 novos vagões e 268 locomotivas - reformadas e novas - para o transporte de 21 milhões de toneladas até 2009, dobrando o atual volume.

A aquisição da Brasil Ferrovias seria uma forma da ALL ampliar sua participação no setor. A empresa concentra seus negócios na região Sul do Brasil. Neste ano, a ALL reverteu seus prejuízos e ainda diversificou seus negócios para a safra de grãos de Estados da região Centro-Oeste. A compra da Brasil Ferrovias seria paga pelo próprio caixa da ALL, segundo informou o presidente da empresa, Bernardo Hess. Somente em novas locomotivas a ALL deve investir em 2006 R$ 260 milhões na compra de 50 máquinas. (MO/AAN)

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